quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Rico Dalasam desmascara a alma em disco

Foto retirada do Facebook do artista
“Hoje eu tô no ouro, mas já vendi uns cobre”. É assim, com uma pegada autobiográfica, que Rico Dalasam, 26, paulista de Tobão da Serra - grande São Paulo -, apresenta-se no primeiro EP de sua carreira musical.
Intitulado MODO DIVERSO, o disco traz 6 faixas influenciadas por Rick Jay, Little Richard, Prince, Racionais e outros nomes do Rap brasileiro, como Rashid, Emicida e Projota, que assim como Rico, lançaram-se nas batalhas de MCs da estação de metrô Santa Cruz (zona sul de São Paulo), no início dos anos 2000.
Gay, negro e de origem pobre, Rico levanta as três bandeiras de forma genuína, sem forçar a barra e com classe. “Eu não fui pedir licença pra ninguém fazer nada, entendeu? Eu fiz. Esse é o Rap”, resume-se em entrevista para o canal do Estadão no Youtube.
1. Não posso esperar
Música que poderia fazer parte da trilha do Kim Kardashian Hollywood, ou de um disco do Gorillaz, conta o dia dia (ou seria noite a noite?!) da vida dos que se dividem entre baladas e a luz do Sol.
2. Deixa
Balada radiofônica, a mais negra do disco - apesar de Aceite-C trazer sampler de Daniela Mércure- tem pitadas de Afro-reggae e vocal no estilo dos grupos de pagode da década de 90, como Só Pra Contrariar.
3. Aceite-C
Com um refrão que sugere “aceite-se” e “aceite ser”, Rico embala a letra sobre sua forma de levar a vida, com batidas de bateria eletrônica que simulam as batidas do coração, um sampler de O MAIS BELO DOS BELOS de Daniela Mercury e os toques de Afro Reggae do clássico do Axé Music. Um exemplo de exaltação do negro na música brasileira.
4.Riquíssima
A melhor música do artista e uma das composições mais interessantes de 2015, é daquelas que após descoberta, vivem na nossa lista das mais ouvidas no Spotfy. Com referências a novelas (EU SOU RICAAAA!), à atriz Suzana Vieira, bebidas, ascensão social e gírias gays, serve de hino para ser desde cantada no carro com as amigas, como para descer na boquinha da garrafa.
5.Deise
“Feito um diamante quando tirado da lama, deixou aqui quem ama, porque tem alguém pra amar”. Poética e com pitadas de Reggaeton e Banda de Pífano, Deise é uma Ode a todas as meninas e mulheres que sonham em encontrar um amor e vencer na vida.
6.Reflex
Música/ manifesto/ biografia. Os samplers a la Jorge Vercilo e uma aproximação à MPB do início do século, não tiram o brilho dessa declaração do fundo do âmago.


CEP: VILA MARIANA

A intenção deste post, de início, era fazer algo turístico ou de alguma serventia para os entediados de fim de semana. Nova em São Paulo,  como uma forma de passa tempo para mim mesma, decidi escrever sobre a vida "boêmia "da Vila Mariana, mas não rolou - tarefa arquivada para breve.

Juro que saí de casa preparada, mas quer saber? Desisti. Por que falar de um único aspecto, quando eu posso contar como é viver em um dos bairros mais gostosos de São Paulo? 

Eu estou há menos de um mês sobrevivendo (tentando) em São Paulo, mas já tinha vindo pra cá tantas vezes, que perdi as contas. Engraçado, que, mesmo dominando bairros até menos explorados, não lembro de ter pisado na Vila Mariana antes do dia 08 de janeiro de 2016 - dia em que desembarquei de mala e cuia por aqui. Claro que já  conhecia o Ibirapuera – visão pela qual troquei o Rio Sergipe -, mas Vila Mariana, sinceramente, jamais!

Só pra resumir: tenho a Vila Mariana como endereço, porque a pessoa com quem vim  dividir apartamento, trabalha no bairro e decidiu facilitar a vida instalando-se por lá.

Com esse nome feminino, a Vila Mariana – tenho duas amigas lindas que se chamam Mariana - possui a maior concentração de salões de beleza e espaços de drenagem linfática que eu já vi na vida. Só na minha rua, contei 3 salões e 2 espaços de drenagem. Não poderia ser diferente, né?! Tão vaidoso, tão colorido...outro aspecto interessante, é  que a Mariana gosta de "maquiagem". Mesmo em tempos de crise, não vê-se casa, loja, prédio ou qualquer outra construção com aspecto de sujo ou descuidado. Da minha janela, por exemplo, avisto uma rua repleta de casinhas coloridas e floridas. Talvez o verde jorrado pelo Parque Ibirapuera sirva de inspiração para os moradores.

Por conta dos diversos cursos, faculdades e hospitais existentes na redondeza, as Marianas do bairro tem opções baratinhas e descoladas de compras. Brechós e pequenos ateliês de decoração fazem meu coração e carteira levar conselhos e broncas do cérebro.  Comer também não é caro. Muito menos restrito. Em um mesmo trecho, é possível ficar em dúvida entre comida natural/orgânica/ hypster/ Bela Gil, Cantina  Italiana,  pastel, padaria e hambúrguer.

E se as Marianas precisarem de ajuda para decidir onde jantar – ou com quem- o cardápio do Tinder, no bairro, deve ser mais interessantes do que o de muitas cidades brasileiras.

Mesmo não me chamando Mariana, adotei esse codinome no meu CEP.E olha...não está sendo difícil.






Retrato de uma "pernambucopaulistana"

Em busca de um personagem para escrever o perfil, enquanto meus colegas seguiram para o local onde provavelmente encontraríamos a maior concentração de histórias, ao sair do elevador, num canto quieto do térreo, avistei dois pés cansados suspensos em uma cadeira. Não vi rosto. Ao me aproximar, aos poucos apareceram as mãos com dedos frenéticos sobre o celular. Uma mulher!

Assim que me aproximei, sem ela abrir a boca, pela pele cafuza e o cabelo escorrido, bang!.Nordeste com nordeste. Precisei apenas lançar o meu “boa noite” sem chiado, que ela sorriu. Magnaci Souza – nome que sua mãe retirou de um jornal- , pernambucana de 43 anos, morando em São Paulo há 25, é uma representação do meu presente e do meu provável futuro. Eu, nordestina, sergipana, amante de Pernambuco e moradora de São Paulo há 7 dias.

“Vim pra São Paulo em busca de trabalho, de uma vida melhor, mas foi tudo ilusão”, verbaliza o desabafo guardado, com tom ensaiado, de quem repete para si mesmo enquanto escova os dentes ou penteia os cabelos. Não devo ter disfarçado os meus olhos arregalados e perguntei como estaria a vida dela hoje, mãe de três filhos, divorciada, se tivesse continuado em Recife. Sem jeito, se contradiz nas palavras, no olhar e no sorriso. “Ah! A qualidade de vida aqui é bem melhor. Trouxe meus irmãos e minha mãe. Hoje lá só tenho uma irmã. Eu fui pra lá agora pra passar 20 dias e com uma semana queria voltar. A polícia lá parece que é franquinha. Parece que os ladrões é que mandam. Eu levei meu filho de sete anos e tinha medo de andar com ele no ônibus e no metrô”, citando os meios de transporte que, segundo ela, lá estão muito evoluídos. 

Funcionária do refeitório da Belas Artes- a da rua José Antônio Coelho-  há 7 anos, Magnaci se mostra totalmente à vontade em relação à tecnologia.  Diz que mantém as amizades em Recife  através do Facebook, e que “caiu” nesse emprego por meio de um site especializado . “Às vezes penso que assim que a Belas Artes me botar pra fora, volto pro Recife. Se bem que não sei se conseguiria. Acho que minha casa já é aqui mesmo”, filosofa a recifense paulistana de Jardim Novo Santo Amaro.