terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

COVER

Meu pai, como todo bom e velho pai (ele não vai gostar desse "velho"), vive me dando conselhos, sermões e tem um acervo gigantesco de piadas e frases célebres. Uma muito comum durante nossos estranhos passeios de carro, onde ele sempre relembra alguma história sobre a época em que transitava pelos shows da cidade (ele conta que já foi inclusive a show da The Platters, aquela banda que tem uma música que ninguém conhece "Only You", no Teatro Ateneu) é “Aracaju é uma cidade muito estranha”. Nesses momentos eu prefiro não soltar comentários e deixá-lo livre em seus devaneios que sempre provocam um risinho no canto direito da boca, já que dificilmente concordo com suas opiniões sobre música. Mas como ele mesmo diria “filho de peixe, peixinho é”.
No último fim de semana tive mais uma confirmação de que sua tese sobre a estranheza de Aracaju está correta.
Apesar de uma tremenda ressaca carnavalesca, resolvi me deslocar até a ATPN para mais uma edição do COVERAMA. Eu particularmente não sou fã de bandas cover, mas como muitos dos meus amigos estariam lá... Sabe como é... Botei R$10,00 no bolso e fui.
Para a minha surpresa, encontrei pessoas que nunca vejo na rua e mais algumas centenas de espectadores empolgadíssimos, sem contar a legião de metaleiros (nada contra).
Diante de tantas cabeças batendo, um calor infernal e gargalhadas, meu peito começou a ser espremido por uma angústia misturada a questionamentos do tipo - Será que essas pessoas pagariam os mesmos R$10,00 para assistir a bandas inéditas?-Será que os músicos conseguem dormir depois de tocar músicas suuuuuuuper batidas, quando aquela poderia ser “a” oportunidade de mostrar seus trabalhos autorais?-Será que eu sou a única que se sente culpada por ter pago R$10,00 e incentivar essa indústria do cover?
Bom, preferi engolir uma cerveja quente e concordar com meu pai.Aracaju,realmente,é uma cidade estranha...