Não
é estranho, que mesmo com tantas obras digitais gratuitas, nós ainda sentimos a
necessidade de pagar por este conteúdo?
Os
serviços de streaming musical – tão condenados por diversos artistas - no
mundo, já correspondem a 20% das receitas de mercado digital, mesmo todos nós
sabendo que podemos encontrar gratuitamente, através de outras ferramentas,
todas –ou quase todas- as músicas de nossas playlists.
David
Byrne, ex líder dos Talking Heads, criticou o Spotify - serviço de streaming
mais famoso- dizendo que tal serviço estava criando uma cultura de
blockbusters, e que seria um desastre para os artistas contemporâneos.
No
Brasil, o músico Marcelo Jeneci, que disponibilizou seu último disco gratuitamente,
defende que a remuneração nesses sistemas não é bem equacionada, mas que vão se
ajustar pelo caminho.
Paralelo
ao crescimento do streaming, as vendas de vinil também crescem no Brasil e no
mundo. Em 2014 a tradicional rede - e selo - de discos inglês, Rough Trade,
abriu sua primeira filial nos Estados Unidos, no Brookling, em Nova York. Em
2015, a também inglesa rede de supermercados Tesco - a mais popular do país –
voltou a vender discos de vinil em suas prateleiras. Assim também ocorreu a rede
natureba hypster Whole Foods Market.
Em
relação à Literatura, outro gênero artístico que propagou sua comercialização
digital através de Kobos, i pads e derivados, também é reconhecida uma
valorização do “produto/livro/matéria”, principalmente pelos booktubers –
youtubers com canais voltados para o assunto-, nos
últimos dois anos.
A
editora brasileira Darkside Books, é um exemplo de negócio que surgiu de
encontro com a maré digital. E ainda não publicou e books e tem como chamariz
capas irresistíveis aos aficionados. Em 2014, a Biblioteca Nacional expediu
apenas 1% a mais de livros digitais do que em 2013.
Qualquer
alteração de comportamento, gera conflito. Enquanto consumidores, artistas e
empresários não chegarem a um modelo efetivamente interessante para todos os
lados, vale-se da comprovação de que não existe crise ou facilidade que impeça
o desejo humano de “feudar” o que ama.
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