segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Espero que você leia...

Eu estava pronta. Usava um vestido verde e sandálias douradas, mas a animação ainda não havia chegado.
De longe, avistei as meninas super produzidas e com saltos mais altos do que os daquelas sandálias que espremiam os meus pés. Ficamos ali jogando conversa fora, como de praxe, até que todos aparecessem e o lugar estivesse realmente fervendo.
Apesar dos sorrisos, abraços e libido ao meu redor, sentia-me como um peixe fora d’água. Não achava graça em nada e quando alguém vinha com uma gracinha, eu respondia com um belo sorriso amarelo coberto por batom vermelho.
Minhas amigas esperavam encontrar naquela noite seus príncipes encantados, enquanto eu sonhava em chegar à minha casa e ficar descalça, mas como diriam os narradores de histórias de príncipes “o feitiço virou contra o feiticeiro” e foi entre barracas de bebidas, rodinhas de conversa e um trânsito atrapalhado que o encontrei.
Ele não era novidade para mim. Freqüentávamos os mesmos lugares, mas até aquele momento, não passava de mais um cara.
Ao falar com alguém, percebi a sua presença. Ele estava com um amigo e até hoje não sei bem o que os dois faziam ali. Estava um parado ao lado do outro, não trocavam palavras nem olhares. Tentei chegar mais próximo para que ele me percebesse.
Não funcionou. Os olhares que lhe passei só fizeram aumentar a sua falta de concentração e conforto em relação à festa. Quando voltei a olhar, ele não estava mais lá. Simplesmente foi embora. Descobri mais uma coisa: que a timidez reina naquele corpo.